quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

O TEMPO CÉLERE


                         

Tão célere e passageiro, sinto ver passar o tempo;

contemplo-o, vendo, no obreiro, o existir ser tão supempo!

Vivo e vou louvando os anos do que me vem concedendo:

o amor é o melhor dos planos do que, em vida, vou colhendo!

Os enegrecidos pelos prateando já se vão...,

sem jamais perder desvelos pelos afagos do irmão.

Conto-o em dias após dias, lembro-me do amor primeiro;

vi-me ardendo em agonias... foi como chegou: ligeiro!

Mas o tempo é benfazejo, pois tudo amortece e cura;

nos expurga o vil desejo do puro amor e brandura.

Logo se aprende a lição que só com tempo se entende:

que a terna flor do perdão, mais semeando, rende.

Na razão se faz ventura, quem sendo por tudo grato;

faz da sensata candura a medida de todo ato.

E sem perder o tempero do bom trato da bondade,

vou deixando o desespero de ansiosa mocidade.

Há tempo que me regulo de toda inquietação

feito lagarta em casulo, prevendo transformação.

Se o vento do mal agouro vier soprar-me a má sorte;

quiçá, em futuro vindouro, esteja pronto pra morte!

 

                                                              WILDMAN CESTARI