sábado, 15 de julho de 2023

romance

                                                                        romance

 

 

I

 

 

Ó de casa, ó de fora

Ola! Ola! Ouça agora!

Há muito tempo, sem memória,

Um grande reino, cujo reinado,

Era duplamente disputado:

Entre um rei ansioso de vitória

E um cardeal endiabrado.

 

 

II

 

Aquele majestoso na bondade,

Tudo fazia sem maldade.

Este via o mal por todo lado,

Quem com ele se metia,

Saía futricado.

 

 

III

 

Dessa intriga sem cuidado,

O Povo é que passava apertado:

Faminto e horrendo,

Pesteado e miserento.

Era tanto rato pela França e Paris

Se lá tivesse um Cristo-Redentor

Com horror, ele taparia o nariz.

 

 

IV

 

 

O descaso político estupendo,

O destino cada vez mais horrendo.

O povo vagando rabugento

Com a frase no pensamento:

Quem não cuida de seu quintal,

Age feito porco descomunal,

Cultivando seu próprio mal!

 

 

V

 

Para ver o circo pegar fogo,

Todo mal se fazia em rogo

Ambicioso do velho cardeal.

Este, com descomunal esforço,

Era carne de pescoço

Por querer ao povo grande mal.

 

 

VI

 

 

Sorrateiro como a serpente,

Desejando mais poder,

Agia disfarçado e sorridente,

Tudo fazendo pr’a ver:

O povo definhando,

Na guerra, amortalhado;

O rei degolado,

Destronado sem poder.

 

 

VII

 

 

Esse cardeal de tão avarento

Era um pé-de-pato futriquento

—  Boizebu dos diabos —

Lá dos anos mil e seiscentos...

Dava cabo até dos coitados

Dentro do prazo firmado

Com o Besta-Fera reluzento.

 

 

VIII

 

Nem tudo tava perdido,

O rei e o povo nunca desguarnecidos.

Quando as coisas ficavam pretas,

Com espadas e piruetas,

Como um enxame, os mosqueteiros:

Athos, Porthos, Aramis

Protetores de Paris e

D’Artagnam —  o mais novo escudeiro,

Inflamados, no terreiro,

Davam cabos dos zombeteiros,

Sem deixar um só perneta,

Após seus gritos de trombeta:

“Um por todos, todos por um”.

                                                           WILDMAN CESTARI