sábado, 7 de setembro de 2024

segunda-feira, 22 de julho de 2024

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terça-feira, 5 de setembro de 2023

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sábado, 15 de julho de 2023

romance

                                                                        romance

 

 

I

 

 

Ó de casa, ó de fora

Ola! Ola! Ouça agora!

Há muito tempo, sem memória,

Um grande reino, cujo reinado,

Era duplamente disputado:

Entre um rei ansioso de vitória

E um cardeal endiabrado.

 

 

II

 

Aquele majestoso na bondade,

Tudo fazia sem maldade.

Este via o mal por todo lado,

Quem com ele se metia,

Saía futricado.

 

 

III

 

Dessa intriga sem cuidado,

O Povo é que passava apertado:

Faminto e horrendo,

Pesteado e miserento.

Era tanto rato pela França e Paris

Se lá tivesse um Cristo-Redentor

Com horror, ele taparia o nariz.

 

 

IV

 

 

O descaso político estupendo,

O destino cada vez mais horrendo.

O povo vagando rabugento

Com a frase no pensamento:

Quem não cuida de seu quintal,

Age feito porco descomunal,

Cultivando seu próprio mal!

 

 

V

 

Para ver o circo pegar fogo,

Todo mal se fazia em rogo

Ambicioso do velho cardeal.

Este, com descomunal esforço,

Era carne de pescoço

Por querer ao povo grande mal.

 

 

VI

 

 

Sorrateiro como a serpente,

Desejando mais poder,

Agia disfarçado e sorridente,

Tudo fazendo pr’a ver:

O povo definhando,

Na guerra, amortalhado;

O rei degolado,

Destronado sem poder.

 

 

VII

 

 

Esse cardeal de tão avarento

Era um pé-de-pato futriquento

—  Boizebu dos diabos —

Lá dos anos mil e seiscentos...

Dava cabo até dos coitados

Dentro do prazo firmado

Com o Besta-Fera reluzento.

 

 

VIII

 

Nem tudo tava perdido,

O rei e o povo nunca desguarnecidos.

Quando as coisas ficavam pretas,

Com espadas e piruetas,

Como um enxame, os mosqueteiros:

Athos, Porthos, Aramis

Protetores de Paris e

D’Artagnam —  o mais novo escudeiro,

Inflamados, no terreiro,

Davam cabos dos zombeteiros,

Sem deixar um só perneta,

Após seus gritos de trombeta:

“Um por todos, todos por um”.

                                                           WILDMAN CESTARI

REGATA TROVAMARES: contemplações da princesinha dos olhos de esmeralda – Ilhabela

REGATA TROVAMARES:

contemplações da princesinha dos olhos de esmeralda – Ilhabela

 








quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

O TEMPO CÉLERE


                         

Tão célere e passageiro, sinto ver passar o tempo;

contemplo-o, vendo, no obreiro, o existir ser tão supempo!

Vivo e vou louvando os anos do que me vem concedendo:

o amor é o melhor dos planos do que, em vida, vou colhendo!

Os enegrecidos pelos prateando já se vão...,

sem jamais perder desvelos pelos afagos do irmão.

Conto-o em dias após dias, lembro-me do amor primeiro;

vi-me ardendo em agonias... foi como chegou: ligeiro!

Mas o tempo é benfazejo, pois tudo amortece e cura;

nos expurga o vil desejo do puro amor e brandura.

Logo se aprende a lição que só com tempo se entende:

que a terna flor do perdão, mais semeando, rende.

Na razão se faz ventura, quem sendo por tudo grato;

faz da sensata candura a medida de todo ato.

E sem perder o tempero do bom trato da bondade,

vou deixando o desespero de ansiosa mocidade.

Há tempo que me regulo de toda inquietação

feito lagarta em casulo, prevendo transformação.

Se o vento do mal agouro vier soprar-me a má sorte;

quiçá, em futuro vindouro, esteja pronto pra morte!

 

                                                              WILDMAN CESTARI



terça-feira, 4 de outubro de 2022

a tua inveja como te dói

                                                                           XLV

 

a tua inveja

me atrapalha

é bem verdade

mas em nada

me destrói

contudo

sinto

o quanto ela

te corrói

ah como te dói


WILDMAN CESTARI 

Caçapava, sábado, 21/12/2013

 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

CANTIGA DE RETIRANTE



                    CANTIGA DE RETIRANTE

   

Não se pode ser feliz,

Tendo tristezas no olhar;

Se, aqui, bem nenhum me quis,

Já não posso mais tardar!

 

Só a ausência é companheira

De quem deixa seu lugar;

O sonho, uma vida inteira,

Noutros campos cultivar.

 

Lá, para além dos monteiros,

É que vejo o sol brilhar;

Minha flor, noutros canteiros,

Prenda minha, vou te achar!

 

WILDMAN CESTARI


 

domingo, 26 de junho de 2022

BELÃO BELÃO BLÃBLÃO

 



                


O MEU FALAR NORDESTINO

Meu falar nada grã-fino 

Tampouco simpatizante,           

Pra uns; pra outros, elegante.

Com isto não me azucrino         

Nem me faço de arrogante.

Meu falar bom — puro hino,

De alguém que fala cortante      

Engolindo consoante.                

Um quê de falar sorrindo           

Como quem fala cantante          

Do destemido destino    

De ser alma retirante.

Povo que, de sol a pino,

Faz-se de forte o bastante

Por ser nato nordestino:

Que vida árdua, inconstante!


WILDMAN CESTARI

sábado, 18 de junho de 2022

O SUCESSO PEDAGÓGICO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O Trovismo na escola - leitura e escrita


  

O TROVISMO NA ESCOLA

Por que o estudo da trova (quadra) como facilitador de aprendizagem?

           O projeto de quadras voltou-se, integralmente, para a leitura e a produção escrita de quadras populares a partir do ano de 2016, sobretudo, por ser, pedagogicamente, mais acessível ao aluno.

           Vale lembrar que esse projeto, que se prende ao estudo de gêneros textualmente discursivos na escola, por alunos do Ensino Fundamental II, do 6° ano ao 9° ano, teve início em 2012. Nessa época, o projeto foi proposto com o objetivo de estudar o gênero textual e poético quadra literária, como atividade de leitura e produção escrita, a ser desenvolvido na sala de aula. No entanto, tendo em vista a boa receptividade do mesmo, acabou prolongando-se, consequentemente, nos anos de 2013 e 2015.

           Nessa ocasião, a razão que me levou a escolha desse gênero se deu ao fato de que os alunos vinham-se mostrando pouco interessados na realização de atividades de leitura e produção escrita com textos mais longos. Os alunos mostravam-se desmotivados, fazendo com que as atividades de leitura e produção escrita fossem vistas como algo "chato", na linguagem deles, ou seja, meio enfadonho.

           Com o estudo da quadra na escola, percebi que os alunos passaram a apresentar...

domingo, 12 de junho de 2022

A PALAVRA MENSAGEIRA: SABENÇAS DA TROVA


 




TROVAS LITERÁRIAS

 

Na imensidão do infortúnio,

a luz desconverte a treva.

Cega a escuridão do túnel,

a cruz que a Jesus me leva.

 Caçapava, 03/09/2013.

 

 

 

A terna flor do perdão,

plantada dentro da gente,

germina do coração

semente de paz nascente.

 

Caçapava, 01/12/2013.

 


Quem na vida tem por guia,

a modesta gentileza,

se reveste de magia

da mais fina realeza.

Caçapava, 15/01/2014.


 

Quem não usa a dialética

no equilíbrio da justiça,

logo vê, com boa aritmética,

tal ética é movediça.     

 

Caçapava, 15/01/2014.

 

Sensato agir com leveza,

frente à falsa hipocrisia.

Dom nos graça a natureza:

ser terno no dia a dia!

Caçapava, 22/02/2014.

 


Nem sempre a boa semente,

uma vez em terra lançada,

vem ser fruto florescente

da palavra cultivada.

 

Caçapava, 30/02/2014.

PREFÁCIO

 

 

"A Palavra Mensageira" é um verso com asas para chegar aos corações dos leitores.

Falar de Wilman é falar de que as trovas têm encanto. Os sentimentos que brotam de seu coração trovadoresco nos lembram que estamos vivos.

As suas trovas também lançam memórias indeléveis para a alma do leitor. Wildman vive cada momento, o descreve e o atualiza segundo o acontecimento vivido. Cada trova deixa pegadas gravadas em versos sutis, ávidos de informação, que impulsionam o leitor à busca de mais detalhes complementares. Cada leitor não é um ente passivo, porque o agrupamento testimonial derivado de estrofes induz à atividade, que não é apenas fator de sentimentos, mas agente de transmissão de ações e reações.

Wildman Cestari, na atualidade, já alcançou altitudes poéticas para colocá-lo entre os grandes trovadores, não somente do Brasil, seu país natal, mas também do mundo inteiro onde brilha sua popularidade.

Wildman é um trovador romântico por natureza. Não deixa dúvida alguma que na poesia tenha grande acolhida entre os numerosos leitores deste grande trovador Brasileiro.

 

Cristina Olivera Chavez

(Trovadora mexicana)

QUEM É A PREFACIADORA

 Cristina Olivera Chávez,

Nasceu na Cidade do México, em 13 de fevereiro.

 


Estudos Ciências Bancárias Master em Relações Públicas, Relações Humanas, Oratória, Administração e Organização, Literatura.

Interesses Culturais: Poesia, música, cuidar da natureza.

Idiomas Espanhol, Inglês e Português. Reside atualmente na Cidade de San Antonio Texas.

Presidente Fundadora da Revista LunaSol Internacional.

Presidente Fundadora da Organização Mundial de Trovadores / OMT

Associada Honorária da União Brasileira de Trovadores / UBT

Embaixadora da Paz (IFLAC).

 


sábado, 28 de maio de 2022

DISAFIO

 

WILDMAN CESTARI

 

 

— O que mais ouço dizer:

“Felicidade é castigo!”,

“O Sertão é mau senhor!”

Como ser feliz, amigo,

Se da morte é provedor?

 


— Deixa ora, homem, de bestices!

Que bem fazes te lembrar

De tristes e más tolices?

Mas pra ainda te falar,

Posso até dizer sem tema,

No exercício do pensar,

Pra elucidar o problema,

Que o Sertão tem o seu jeito

Tão próprio e peculiar;

Não sei se certo ou defeito,

Quer medir pra avaliar:

Se a chama que arde no peito

É capaz de suportar

As durezas do lugar.

 

— O rumo desta conversa

Pode ter outra preamar

Até bem menos adversa;

Mas antes inda te digo,

Do que ouço muito contar,

Só pra adiantar, amigo,

Que o Sertão na sua arte

Como guarda de reserva

Sempre quer a sua parte;

Súdito da Velha-Treva,

Tudo faz pra que lhe farte;

Esta cujo nome é forte

E também nunca tarda a hora

Nem da ceifa o duro corte,

Vem nos cobrar a penhora,

Certa como o vento norte,

Mas com multa, juro e mora;

Pois está sempre à espreita,

De mortalha entreaberta,

Capa bem medida e feita,

Terno de barata oferta,

Para a tal dita alma, eleita.

 

— Fazendo um pequeno aparte,

Sabe-se bem, ó compadre,

Na seca se vê no estandarte

A estampa da Voraz Madre;

Mas de uma coisa discordo

Ter o Sertão nisso parte,

É sobre isso que te abordo:

Que absurdo tal disparate?!

Se bem inda me recordo,

Para a lei de desempate

Como tiro a bacamarte:

O Sertão é o pai do forte;

A mãe dos fracos, a morte.

 

— Não se faz bem duvidar:

O Sertão se aliou à morte,

Todo mundo sabe já;

A voz do povo é a de Deus,

Com razão tem seu lugar,

Duvidar é obra de ateus!

Amigo, é bom, tás atento,

Uma palavra mal dita

Traz sempre padecimento,

Dirá a que deixa a alma aflita!

Veja os finíssimos galhos,

Os retorcidos arbustos,

Esquálidos espantalhos,

Como destes povos bustos;

Um povo que sempre à míngua,

Sem sequer um pingo d’água

Que lhe sacie a seca língua.

Pensar isso não é em vão,

Tenho ou não tenho razão?

 

— Ainda nos meus desdigos,

Eu só quero acrescentar:

Viver e morrer são antigos,

Coisa fácil de aceitar;

Pois nada há de anormal,

Passamos todos por isso,

É um círculo natural,

tarmos no mundo a serviço,

Seja do bem ou do mal;

Daí o Sertão não ter

Nada por que haver com isso.

 

— O Sertão tem vida própria,

Basta prestar atenção,

Não é isso onirocrisia

E não vã fabulação;

Ele tudo que quer pode,

Basta sacudir a mão.

Sem que mais nada o incomode,

Vem coroando de espinhos

As frontes nuas dos pobres;

Cristos cravados nos pinhos,

Sobre os açoites dos nobres,

Feitos cactos pontudinhos

À forte luz que lhes cobre;

Mais o abafado calor

Que Ele expele de antemão

Como carrasco opressor

Faz desgraçado o peão;

Com o ardo sol vingador,

Tal monstro da insolação

Vem, com muito mais pavor,

Tirar-lhe da mesa o pão.

 

— Isso não é bem verdade,

É coisa que não se diz,

Ato de leviandade

Dá, ao outro, alcunha infeliz.

O Sertão é só o Sertão,

Não há nada que isso mude;

Ao bioma da região,

Aliam-se clima e latitude;

Massas úmidas e frias,

Barradas pela altitude,

Criam tão pouca invernia ‒

Falta d’água nos açudes!


— Plantação, povo e gados,

Sem mais ter quem os acuda,

Passam de tudo usurpados,

Por não ter na vida ajudas

E assim seguem isolados,

Tal de Cristo um dia, Judas.

 

— Seria bom ter cuidado

Com o que tanto se alude,

Falar de algo não passado

É desrespeitoso e rude;

Pavão de cores plumado

Já não bebe água de açude,

Só vê terreiro impensado

Onde carcará não surge;

E não sabe o que do corpo

Bem lá mais pra dentro ruge:

Fome no esqueleto morto

Quando a Violenta insurge.