domingo, 24 de outubro de 2021

TROVA




Só vivo descortinado

pela aurora incandescente,

porque trago o sonho alado

de esperanças no presente.

 

WILDMAN CESTARI

Ilhabela, 10/10/2020.


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Trova



 


Por querer outro saber

que não seja a flor só planta

metaforizo pra ser,

Marta, murta, flor e tanta.

Wildman Cestari, Caçapava, 10/09/2021.

 


terça-feira, 7 de setembro de 2021

TROVA

 

 

Só na Praia do Remanso

que se tem tranquilidade;

me traz o marulho manso:

descanso de eternidade!


WILDMAN CESTARI

ILHABELA, 07/09/2021

crônica nº 3

 


O amor usa máscaras só para não nos deixar ver quem verdadeiramente somos.

WILDMAN CESTARI     CAÇAPAVA, 07/09/2021

Crônica n º 2


Felice,

O tamanho motivo da minha infelicidade!

WILDMAN CESTARI Caçapava, 07/09/2021.


segunda-feira, 26 de julho de 2021

TROVA

 

 

Quem não usa a dialética

no equilíbrio da justiça,

logo vê, com boa aritmética,

tal ética é movediça.     


Wildman Cestari 

Caçapava, 15/01/2014

 

 

segunda-feira, 31 de maio de 2021

TROVA







O verde só se faz doce,

dada a chuva atemporã,

cujo afã, por bem o adoce,

pra colheita do amanhã.


Wildman Cestari

Caçapava, 20/05/2021.


 

domingo, 23 de maio de 2021

Trova



Só quem vive o desafio
de saber viver no bem,
faz do mal hostil desvio,     
pra jamais lhe ser refém.

WILDMAN CESTARI 

quarta-feira, 28 de abril de 2021

crônica nº 1



Nem tudo é perdoável. Há cicatrizes cujas marcas são profundas e irreparáveis. As águas mais funda dos fossos do amor que, uma vez turvadas, jamais se renovam.

WILDMAN CESTARI    Caçapava, 20/08/2021.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

 


Vou-me embora pra Trindade,

só lá o Covid não é rei,

terei maior liberdade,

mas a máscara usarei.


WILDMAN CESTARI

                                                    Caçapava, 15/12/2020.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Arte Poética

                                 


                                  SONETILHO Nº XI


                              O OPERÁRIO DO VERSO


Frente à agitação de fora,                         

se aquieta tão silente                                

o operário que mais sente                         

a dor que, por dentro, mora.                       

 

Crente na fé que tanto ora,                       

se queda perplexamente,                          

só pra ouvir humildemente,                      

das canções, a mais canora.                      

 

Sonora luz que acrisola!                          

Sempre convertendo a dor                         

que chora, no peito humano,                        

                         

Em prazer que a alma consola.                 

Nisso, o verso encantador                        

torna flor pro desengano.  


Wildman Cestari,        

 Ilhabela, 24/10/2019. 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

terça-feira, 26 de maio de 2020

quarta-feira, 15 de abril de 2020

PREFÁCIO DE SOFI(A)SCO


PREFÁCIO

Eu lhes apresento um poeta. Apesar da profusão de poetas virtuais, de milhares de poemas que versejam nas redes sociais, apresentar um poeta é de fato um caso raro, especialmente em tempos de tanta aridez quanto a que vivemos na atualidade. Eis que surge um homem que faz do poema um sentir-se a si em tudo que toca. E, assim um poema se faz, construído com a matéria que lhe é peculiar e que, para transcender ao real, precisa do suor na fronte como João Cabral de Melo Neto por tantas vezes alertou aos que desejavam seguir por essa senda. E assim, um verso rasga o universo, em sua constituição, podemos observar a leveza das palavras que são milimetricamente conduzidas ao seu destino.
O ritmo desse poeta é frenético, mas causou em mim o que deve ser esperado de um poeta magnífico, não se trata de uma rima qualquer ou de um ritmo em senso comum. Acusa e ousa dizer o que está por ser dito. Wildman é um poeta extenso na sua sincopada verve, no seu verso contido, em sua grandeza estilhaçada, não faz concessões piegas, não transforma o poema em um discurso vitimizado; ao contrário, faz emergir o que há de sensato e concreto a partir do real que lhe toma de assalto. Esses poemas que o leitor terá o prazer de ler, serão a aventura de uma trajetória que rompe o silêncio da sabedoria, que atravessa, sobretudo, a incapacidade de dizer tudo, mesmo que seja necessário dizê-lo em alto e bom tom. Em seus versos há um apanhado da vida, em momentos sutis, em que a sabedoria transborda, contudo, sem concessões, sem tergiversações que podem se tornar um momento iconoclasta da existência. Ao ler, na calada da noite, estes versos como quem faz sangrar o corpo em delírio idílico, leio assim “queimem-me/ queimem-me/ queimem-me os ossos/ para não cultuarem/ a podridão/ do meu jazigo/ como um santo/ póstumo”, e por isto não posso deixar de me inquietar com este poeta que rompe o imobilismo das ruas e dos bares.
Direi então da concretude desse poeta concreto, semiconcreto, autoconcreto, que faz da vida uma folha para ser preenchida com o relâmpago do verso e do ritmo - poema que se desdobra em diversos poetas, como Paulo Leminski, aquele que desejou num átimo capturar a poesia universal. Assim é Wildman, um voluntário da palavra, um trôpego da metáfora, que faz um rebuliço em minha mente, que me exorta deter-me em cada poema como uma obra solitária, mas que ao fim e ao cabo percebo que se trata de uma obra gigantesca, que fala e traduz um modo de ver o mundo, de pulsar este mundo, que me faz pensar e não apenas delirar.
Atanásio Mykonios


Atanásio Mykonios
Poeta e Dramaturgo, Professor da UFVJM, Mestre em Filosofia Social e Doutorando em Serviço Social pela UFRJ.

domingo, 12 de abril de 2020

TROFÉU MANUEL MARIA DE BARBOSA - TROVAS CLÁSSICAS - CANADÁ


PREFÁCIO DE BELÃO BELÃO BLÃBLÃO


                                              PROÊMIO


                 Abrir os textos poéticos de Wildman dos Santos Cestari com um proêmio é... um prêmio... a mim outorgado pela oportunidade de captar o desvelo e cuidado que percebo nas suas composições e cantigas. É como abrir temas etéreos expostos em versos distintos, em vocábulos elegantes e simples, ora inocentes, ora incisivos e questionadores. 
                 Comparo o livro BELÃO BELÃO BLÃBLÃO a uma árvore frondosa, cuja copa se move libertariamente sob as ventanias inspiradoras, mantendo, porém, a firmeza das raízes fincadas nas técnicas de grandes mestres da Poesia, os quais estuda com dedicação e lhes presta vênia ao seguir-lhes as famosas pegadas. 
                 Wildman conhece, manipula, obedece à métrica de versificação e seus rigores que, no entanto, não o engaiola, escraviza ou limita sua criatividade.  
                 Assim entendo o subtítulo Nomadismo Poético, na antevisão do itinerário que as folhas, flores, frutos, ramos, gravetos e sementes dessa árvore, provavelmente farão, alcançando novos horizontes nas leituras atentas de alunos, de amigos e leitores que busquem uma obra muito além do versilibrismo sob o qual a maioria dos poetas se acostumou a se expressar.
                 Admiro-o junto aos contemporâneos criadores do Breve, do Trevo, Poetrix, Minihaicai, aos quais homenageia com seus transparentes talentos de versátil versejador. Um pouco de insatisfação e desagrado com inevitáveis flagelos meteorológicos como a seca nordestina, são enfocados com o vigor do jovem que acredita e anseia pela utopia do “tudo   azul” e surge o alívio em forma do popular cordel ou da trova   lírica.  Quando   o   assunto   se    agrava    como   em “romance”:

Dessa intriga sem cuidado,
O Povo é que passava apertado:
Faminto e horrendo,
Pesteado e miserento.

o autor o ameniza nas palavras da página seguinte com a “Ciranda” da qual brota a lógica insensata das crianças a quem oferece a mágica das rimas:

     Si si si, ça ça ça
     Si si si, ça ça ça

Menina não dança
Não sabe beijar.     
Menino não beija
Não sabe dançar.

que, consequentemente, vem suavizar o fardo da nossa “sensatez adulta”, nos reconduzindo às lembranças das antigas brincadeiras de roda.  Ao se tornar muito doce, virando outra página, as letras do Triverso gritam contra a injustiça de um amor não correspondido, e os leitores veem um coração solitário...:

Eu não disse um ai.            
Do nada, ela soube tudo.    
Foi cinema mudo.
  
Coisas de poeta... coisas de profeta, coisas de amor... coisas de dor... coisas de Wildman!
Desfrutem, saboreiem!
Lóla Prata


terça-feira, 23 de outubro de 2018

IDÍLIO


ÉCLOGA

                                  
                                                IDÍLIO


                                         Tu me perguntas:
— Por que vens bater em minha porta?
Digo-te apenas que venho mimosa pela tardança,
Deixar-te bons ares, meiga lembrança,
Um suavíssimo amor!

                                      Tu me perguntas:
— Vens tocar-me a alma com teu amor?
Posso apenas dizer-te:
Mais que o próprio desejo
é o amor me que importa.

Então me deixe vir a ti e
não te faças de medroso.
Não sou o lobo a correr atrás da corsa,
de quem se ouvem mil rugidos de temor.

 Mas se já trazes,
na fronte fulgurante, a vermelhada cor;
Que saibas já, jovem enamorado,
Que é jovem o meu amor!

Wildman Cestari
23/10/2018.

sábado, 13 de outubro de 2018

CARTA DE AMOR


     CARTA


Em um lugar qualquer, Dia/Mês/Ano.

Querida amiga,

Gosto do gosto de ser do teu ser.
Gosto do teu gosto, ser do meu gosto.
Gosto do gosto de gostar de teu ser,
Sem que haja nisso o menor desgosto.

Gosto mais do gosto que não se esgota,
Nutrido na chama de nosso gosto.
Gosto, sim, de gostar de quem me gosta,
É gostar do gosto porque se gosta.

Não gosto de gostar só por se gostar,
Ainda que me agradem com bom gosto.
Se for do teu gosto que o gosto se esgote,

Mesmo se me ferindo a contragosto,
Jamais hei de desgostar-te com gosto,
Porque sei do gosto de que te gosto.

Porém, querida,
                                          Me gosto!

Wildman Cestari
Caçapava, 13/10/2018.

domingo, 27 de agosto de 2017

le silence qui parle

Le silence parle,
donc il ne dit rien de mots vides,
mais des mots choquants...
donc je sais que le silence parle, qu’il parle beaucoup,
Il y a, pour ça, dans leurs mots de voix pensées,
une maison plainne de chaînes des voix
qui me parlent avec une tonalité haute, basse, aiguë et grave,
mais ne se dit rien de mot vide, mais choquant,
de ce façon toutes ces voix sont fantômes présents,
d’aujourd’hui, et de passés récent et trés distants...
Ils ne se réssentent de me montrer leurs faces,
Ils ne se réssentent rien de dire ce que se doit être dit
Il n’y a pas dans leurs actes quelques réserves
pour me mettre dans les situations impolies,
toutes ces voix sont capables de me blesser
profondáment dans le plus profond de moi-même,
toutes ces voix me regardent avec des yeux qui m’épient
et me jugent tout le temps...
Jusqu’à dans ma chambre à coucher
je n’ai pas nulle réserve pour me cacher de ces voix sans mots vides,
Il n’y a pas de voix sans parole dans cette maison
parce qu’il y a les silences,
Il n’y a pas de voix muettes
parce qu’il y a les silences dans cette maison
où toutes les voix parlent,
toutes le voix ont leurs chantes,
de même manière que chantent les eaux courantes de rivières
et qui passent sous les ponts...
C’est une eau qui ne s’acheve jamais...
Le fil du destin n’a pas été cassé encor...
Je me regarde dans ces noeuds de voix
en cherchant pour se mettre à faire quelque situation déchirante,
mais las larmes que glissent sur ma face
apportent miroitée dans elles mêmes
les echos de voix inachevées
je veux me sortir de moi-même
mais je ne peux pas,
ces fantômes de voix me dévisagent
le champ de bataille est prêt
et je suis prêt à luter avec leurs mots, mais plus forts de significations
et leurs tonalités sont três forts aussi,
ma conscience
elle est brave aussi
ele veux risister à ces provocations,
elle est três brave comme un sanglier
je bataille, je lute une lute inachevante
tout le temps,
resister, pourtant, c'est comme découvrir les secrets au sujet de moi-même...

(...)

Wildman Cestari

domingo, 2 de junho de 2013

O ousado que deu certo e gerou vida


Posfácio

O ousado que deu certo e gerou vida

A poesia é feita daqueles momentos, sons, rimas, cheiros, cores e gostos que marcaram a gente de alguma forma – e aí a forma pouco importa, mas foram capazes de despertar algum sentimento ou mesmo uma ideia. O artista, o poeta, o encantador de palavras sente-se compelido a reunir os fragmentos em uma sequência nem sempre lógica, nem sempre linear, nem sempre uníssona, para eternizar aquilo que nos perturbou a alma quer seja por alguns instantes.

Fato é que nem sempre escrever poesia é tocar a alma do espectador. Depois de ultrapassado o limiar que separa o mundo externo do interior (afinal, “a palavra mora fora do mundo”) e de ter passado pela morada da razão, a poesia ainda encontra a barreira do lar onde moram as emoções. Lá, nem todos entram, nem todos ficam. Mas há pessoas capazes de bater à porta desta morada, cujo dono pode até, no momento, ousar não abrir, mas se concede uma fresta, renderá, por fim, à abertura completa.

É isso que nos provoca a ler. E foi assim comigo, quando tive à altura dos olhos a obra Efígies, que chegou até a mim por intermédio de um amigo em comum, o literário Luiz Antônio Cardoso, que me desafiou a lê-la. O desafio, admito, foi mais prazeroso do que poderia supor. Com “tato profissional”, mas, sobretudo, com ousadia poética, passeando pelos temas da criação ao que provoca asco; abusando das formas – que importam? -, Wildman surpreende ao expor a palavra sem máscaras, sem pretexto, mas com significados. Basta ler – e tenha certeza de que você perderá bons e longos momentos nesta leitura – para se ver tentando decifrar cada poema.

Caminhei pelo livro como quem procura descobrir o que há por trás da máscara. Deslizei pela poesia visual como quem acompanha uma cena se desenrolar no palco (observando, buscando compreender e, por fim, deliciando-se). Cheguei ao final da leitura como quem volta ao início: preciso reler.

Muitas vezes me pego corrigindo palavras repetidas, frases sem rima, orações sem pontuação. Não raras vezes quero excluir os espaços em branco, preencher as linhas, aproveitar cada canto. Mas Wildman mostra que nem sempre é preciso fazer isso. As palavras quando bem repetidas têm seu propósito, cumprem sua função, compõem a melodia, assim como a ausência da rima provoca a mente a aceitar a forma.

Efígies – Poesia é uma entrega ao leitor que não quer mais saber do lugar-comum, que não quer apenas a rima pela rima e sua graça, que não quer mais o prato pronto sobre a mesa. Efígies – Poesia é um atentado necessário, na minha opinião, à mente que busca pelo que é criativo, experimental, inusitado, sem contudo deixar de ser poesia. É o que percebo que faz, e fez por vários anos, Wildman, que, nesta coletânea, entrega ao leitor seus rabiscos preciosos, ora em formato de texto, ora em textos escritos em outra língua, outras vezes em poesia concreta. Só alguém viajado, que saiu do Vale do Paraíba, para respirar outras paisagens, e se expressa em outro idioma, poderia fazer tal entrega.  A literatura, as artes, a vida precisa desta ousadia, quebrar com o preconceito de não poder ser livre a sua maneira.

É, sem dúvida, leitura a ser feita pela primeira vez e revisitada tantas quantas forem possíveis, pois em cada uma destas visitas a máscara revela um novo conceito e os “átomos de suas palavras me chegam”. “Cessam-se as falas”, revelam-se os enigmas, caem-se as máscaras. A alma, por fim, é tocada. É muito bom saber que um arquiteto de palavras do gabarito de Wildman ousa tornar mais uma vez público seus textos escritos em algum lugar, por aí, desta e daquela forma.
                                                           Letícia Martins

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Autora: Letícia Martins é jornalista formada pela Universidade de Taubaté (Unitau), pós-graduada em Gestão de Pessoas, autora do site www.primeirasimpressoes.net. Nascida em Taubaté, mora atualmente na capital paulista, onde escreve para revistas e atua como assessora de comunicação e revisora de livros. E-mail: leticia@primeirasimpressoes.net